quinta-feira, 23 de agosto de 2012

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. SUPERIORIDADE.

Por Bianca Monteiro

Tenho notado o quanto as pessoas mais velhas são intolerantes e se limitam a julgar qualquer um usando idade e suposta maturidade como vantagem, já que este é o único elemento indiscutível para que sua vitória aconteça. “Maturidade”. O que de fato isto significa? Qual é o critério exato pra definir se uma pessoa é madura ou não?

Numa opinião pessoal, acho que é mais uma questão de bom senso, consciência, mas infelizmente tudo indica que as pessoas generalizam conforme a idade. O que não faz sentido algum, se me permite dizer, pois isso implicaria que todo adulto é obrigatoriamente provido de informação e cultura e todo jovem está alheio à situação do mundo.

Não aceito esse esteriótipo “adolescente = alienado”. Quer dizer que agora só porque alguém tem pouca idade é obrigado a ser ignorante? Que por causa disso qualquer coisa que a pessoa diga não vale a pena ser ouvida? É muito preconceituoso e sem fundamento nenhum generalizar dessa forma. Gostaria de compartilhar com vocês a minha revolta com gente que já demonstra me odiar automaticamente apenas a pergunta básica do “quantos anos você tem?”. Um absurdo.

O que comprova é a quantidade de gente adulta que vejo ter atitudes totalmente desnecessárias que nem suas próprias crianças seriam capazes de ter (e pra isso sim existe critério) e outros jovens (uns até mais novos do que eu) sendo sempre sensatos, cheios de cultura, de bons argumentos e dos mais diversos interesses. Aí dizem “os jovens de hoje são desinteressados na política”, “tenho medo do futuro quando este vai ser cheio de gente assim”, “esses daí só querem saber de internet”, “um bando de alienados”, “os jovens de hoje não têm a cultura e os interesses que nós tinhamos na minha época”. É óbvio que não. É óbvio que os jovens não se envolverão em áreas em que, quando tentam, são sempre discriminados com “você não tem idade pra opinar”. Ah, é mesmo? Só digo: quem é que vai se interessar por um assunto sendo que quando vai discutí-lo é recebido com prepotência, hostilidade, preconceito e discriminação? É lamentável. Quem age dessa forma deveria estar ciente que, se for política, o voto do jovem tem o mesmo valor que o seu. Se for problema social ou algum assunto polêmico, bom, nem todos os jovens passam o dia vendo só novelas da Globo e se contentando com sensacionalismo ou lendo fontes de informações obviamente adulteradas, alguns coletam diversas opiniões diferentes, e acima de tudo, estudam sobre atualidades (por obrigações escolares, também) até formar aquele argumento que está apresentando, tanto trabalho pra ser rebatido com um “ah, você não conta, você é jovem”.

Eu, que acredito tanto na subjetividade e na individualidade, nunca aceitaria numa boa ser incorporada num só “grupo” com diversas pessoas diferentes de mim e entre si, aceitando que somos todos iguais apenas por causa de um critério tão vago quanto faixa etária. Tempo. O que ele significa afinal, pra quem está vivo e não se importa em aprender ou conhecer nada? É válido considerar estes superiores aos que o fazem?

Como li em algum lugar da internet citando uma pichação num muro: “A sociedade que nos educa é a mesma que nos critica”.