terça-feira, 8 de março de 2011

IRRITAÇÃO

Por Ana Laura Diniz

S'eu conseguisse exprimir o bode que sinto por esse dia, ficaria imensamente feliz. Aliás, quem foi o infeliz que firmou o 8 de março como dia internacional da mulher? Só pode ter sido um homem, só pode! E cretino, obviamente (afinal, há muitos homens que não seguem essa cartilha medonha). De qualquer forma, não quero acreditar que tenha sido uma mulher a instituir data tão ridícula, tão preconceituosa, tão superlativa em termos diminutos. 

Os outros dias do ano, de quem são? Não são igualmente nossos? Aí tem sempre alguma conhecida que diz "ah, mas é tão lindo... você não percebe? nós somos tãããão importantes que temos um dia só nosso". 

O catso. 

Quero eu rosas nesse dia? Quero rosas o dia que for, se for pra recebê-las. Quero mais é igualdade em todos os níveis: na vida afetiva e profissional. Quero ver meu salário equiparado aos homens que ocupam a mesma função; o respeito que deveria ser natural, e não esse maldito coronelismo ainda forjado de que se você tem um homem ao lado, aí sim, se tem valor, se tem voz. Quero ser atendida ao chegar a um local, sem passar pela descompostura de esperar um homem - que chegou depois - ser atendido antes de mim, pelo único motivo de ser homem (e taí uma coisa que não perdoo mesmo e sempre pergunto se o dinheiro dele vale mais que o meu)... e tantas coisas mais que a gente sabe que acontece. 

Se um homem comete barbeiragem no trânsito, é um lapso. Se mulher, é "dona maria" pra baixo. Um porre. 

Ai, nem é isso, é muito mais que isso. Essa data me dá arrepios, e não de prazer. Me irrita. Profundamente. E realmente, perco-me em palavras – mas não em sensações - pra dizer que tudo isso é uma coisa ridícula sem ter mais fim. 

Irritaaaaanteeeee. 

É claro que não sou grossa com quem, querendo ser gentil, me cumprimenta... como hoje, que me deram "parabéns" e eu, sorrindo, perguntei: "por que?" E não foi por nada, não. É que simplesmente não registro essa data, ela não existe em meu calendário.

Mas quem sabe um dia... essa data possa não mais existir... e aí, sim, possamos realmente sentir que os dias são outros... e melhores.