quinta-feira, 3 de março de 2011

BLÉ BLÉ BLÉ

Por Fal Azevedo

Meu filho, meus parachoques se você é bem resolvido, magro, in, não fumante, politicamente corretíssimo, tem os dentes brancos, ganha um monte de grana, medita, tem barriga de tanquinho, liga pra sua mãe 20 vezes por semana, descobriu uma tintura/manicure/guru/dieta que mudou sua vida, se você discute relação até com o porteiro, se você só dirige com cinto de segurança. Que Deus te abençoe.

Só deixa eu te dizer uma coisinha: nada, nada, nada, nem esse estado de iluminação astral, de perfeição purificada no qual você e outros deuses do Olimpo se encontram, permite que você fale sem ser perguntado, entre na vida alheia e cutuque.

E nem venha com essa conversinha que você “só quer ajudar”. Os colarinho que você só quer ajudar.

Um ser iluminado, leitor de Pablo Conerrrrrrro, louro-de-olhos-azuis, comedor de tofu, como você, sabe muito bem que o outro sabe das delícias e dos pavores de ser burro, pobre, desorganizado, alienado, gordo, ateu, desorientado, desmemoriado e desdentado.
 
O que você quer, de verdade, é se meter. 
E bancar o gostosão. 
Back off. 
E milhões de bléssss pra você.